30 de abril de 2012

Do dia em que recebi.

Por mais que o escarnecer seja a primeira reação,
A mensagem da cruz é a das que mais se questiona.
Quando a minha alienação se foi,
O desespero trouxe Ele a minha porta.
Não mais eu era tão forte,
Nem tão pouco suficiente.
Agora, a consciência da minha miserabilidade
Era nítida,
Insuportável.

Poder de ressuscitar?
Poder de me transformar?
Faça-me o favor!
Que coisa brega.

Não havia mais nada.
Nada que fosse tão louco.
Nada que fizesse tanto sentido.
Nada que pudesse me completar,
Como Ele me completou.

Ele realmente existe.
Não há nada que possa contê-lo.
Muito menos a religião.
Ele é a superação de tudo o que há.
Nada parecido já pisou neste mundo.

E eu achando que posso defini-lo.
Que inocência...
O mistério não subsiste por definição
E não pode ser compreendido por mente humana.
Câmbio, desligo.




2 de abril de 2012

Ócio

Em meio a tantas imagens e palavras, a tanto marketing, Você, por alguns segundos, parece estar longe desse mundo e longe da minha alma.

Diante do excesso, da superficialidade, do comum, minha cabeça dói e meus olhos se cansam. A inércia e a ânsia da revolução parecem lutar pelo mesmo espaço impossível. Escrever é o vício que alivia.

Quero uma luz e o horizonte. Quero a cruz e o mistério. Quero a plenitude.

17 de fevereiro de 2012

Desfazendo a pose

É tão difícil aceitar a diferença. O preconceito e o instinto de condenar também são frutos do pecado original. Quando nos rebelamos contra Deus e tomamos o seu lugar lá no Éden, assumimos também a cadeira de juiz, que era dele.

Desde então, temos construído um mundo cheio de violência, intolerância, frieza, porque não conseguimos aceitar que alguém pense diferente de nós. Enchemos os nossos peitos e dizemos para o outro: “Você é louco? O que é isso que você está fazendo? O que é isso que você disse? Que absurdo você acreditar nisso!"

Meu Deus! Como isto é chato! Como isto é insuportável! Mais insuportável ainda é saber que eu sou assim, que todos somos, que em algum momento fomos. Que aterrorizante! Que dor. Nós estabelecemos um padrão, nos colocamos acima dos outros e, por fim, condenamos e lançamos o nosso jugo.

É tênue a linha entre defendermos nossas convicções e desrespeitarmos a opinião alheia. Como é incômodo ser contrariado, ser confrontado, questionado. Mentalmente, selecionamos ferramentas que justifiquem nossa fala para que não nos sintamos desconfortáveis ou inferiores. É isso! Sempre queremos justificar as coisas na tentativa de sermos superiores e mantermos certa pose.

Como somos bobos! Como somos pequenos! Que haja tempo de andarmos na contramão da nossa natureza! Que haja tempo de amarmos, de respeitarmos, de sermos humildes.

“Eu vivo certo na contramão do meu desejo equivocado
Passei no meio da confusão andando sempre orientado
Eu não pedalo sozinho, não
Quem foi que disse que eu controlo o meu guidom?
Quem em guia é quem me fez.”
(Guidom – Crombie)

8 de dezembro de 2011

Choro de uma noite

Aqui, bem aqui,
Nesse lugar escuro, suspenso,
Que só eu conheço,
Flutuam loucuras.
Loucuras humanas.

Lágrimas sem sentido,
Risos amedrontados,
Um olhar infinito,
Olhar vazio.

Uma grande energia é liberada
Energia amordaçada,
Desconhecida.
Catarse.

Tudo está rodando.
Parece que a escuridão me consumirá.
Mas o sono chega,
Alivia a minha alma
Do ônus de viver.

29 de novembro de 2011

Outrocentrismo amoroso

Medo de acontecer o não previsto, de investir no vazio ou na tragédia, de todos os turbilhões bagunçarem minhas flores. Essas flores tão doces e preciosas. Ainda bem que não existe a possibilidade de saber o futuro. A vida seria mais tola e mais sem sentido do que é. O que mais resta, senão viver? Pagar o preço. Arriscar.

Uma vez ouvi: “O perfeito amor, lança fora todo medo.” Amar é sempre a melhor saída. Mas amar a coisa certa é que é a questão. Se eu me amar mais, o medo continua. O medo é o meu egoísmo. Preciso amar mais o outro. Isso me faz viver sem certeza, sem mérito.


E é assim que o amor se aperfeiçoa.




19 de outubro de 2011

15 de agosto de 2011

No matter

Minha alma luta contra a paralisia. Paralisia que ata aos poucos, que leva os pensamentos para o céu, para o mar, ou mesmo para a morte da bezerra. Leva para fugir. Fugir do que é difícil de pensar, do que cansa, do que faz o corpo querer sentar.

Acho que essa é a primeira ferramenta que o cérebro usa para nos deixar mais sãos, mas também mais alienados. Pensar exige gasto, desejo, força e, vamos combinar, a vida já nos exige muito de tudo isso.

Como sou frágil, pequena, instável. Como a vida é doce e amarga ao mesmo tempo. Será que sempre farei isso? Justificarei meu fracasso por conta do lado escuro da vida? Minha alma luta contra a paralisia.

Todos os dias, preciso da luz que me faz pensar..."Quer saber...no matter". Não importa se eu tenho muitos problemas, se eu não agrado alguém ou se tenho muitas coisas ruins dentro de mim ainda. Eu sempre vou ter a escolha.

A escolha de plantar minha semente, de trilhar o caminho da justiça (por mais estreito que ele seja) e de amar. Amar é tão banal e tão difícil. Amar me constrange porque, quando olho para o Mestre, me vejo estéril desse sentimento.

Mas quer saber...no matter. Eu tenho a escolha de amar, eu tenho O exemplo. Todas as vezes que não amei, que estive estéril, foi porque escolhi estar. Escolho amar, por mais que muitas das tentativas sejam falhas, continuo escolhendo o amor.

Prefiro ser louca como os grandes homens que já existiram, afinal, há loucuras que são inconcebíveis para o mundo. Serei louca, escolherei, agirei, transformarei. Quero que a sanidade e sua suposta segurança, apoiada num tronco que se chama alienação, seja banida do mundo.
Quero ver as salas de aula, repartições públicas e hospitais cheios de pessoas loucas, mas vivas, mas livres, dizendo "No matter!".


"...fique à vontade, tire os sapatos e não pare nas escadas"